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2013 – um ano irrevogavelmente difícil para os Portugueses!

O ano de 2013 saldou-se por ser o ano mais complexo para Portugal. É verdade que o ano de 2011 foi um ano de “choque”, na medida em que se confirmou que o trajecto seguido pelo País durante décadas foi uma verdadeira caminhada para a tragédia. É verdade, igualmente, que o ano de 2012 foi um ano de medo : o discurso de Passos Coelho foi sempre o de convencer os portugueses pelo receio de consequências trágicas pela não aplicação milimétrica, letra a letra, vírgula a vírgula, do memorando de entendimento assinado com a troika. Mas será o ano de 2013 que será recordado daqui a alguns anos pelos historiadores quando tiverem de estudar a forma dolorosa como Portugal venceu a fase tormentosa em que todos actualmente vivemos. Este foi o ano em que o País confirmou a suspeita de que a geração mais bem formada da nossa História optou por emigrar, em busca de melhores oportunidades; foi o ano em que se percebeu que Portugal está a enfrentar uma crise violentíssima sem ter Governo; foi o ano em que aprendemos (todos nós!) que os partidos políticos, conservadores e atávicos, constituem mais um problema do que uma solução para o governo democrático da nossa Pátria; foi, enfim, o ano em que a responsabilização política pelo insucesso do programa de reajustamento (eufemismo para qualificar a morte progressiva do ideal ou modelo de sociedade que perfilhamos) atingiu não só o Governo, mas também o Presidente da República (algo inédito na história da nossa democracia).

 

Como sou um optimista crónico, aproveito neste ensejo para, ao invés de olhar 2013 como um pesadelo, retirar lições importantes para o ano que se segue. Ora, em primeiro lugar, não poderemos repetir a experiência de ter vários Governos no mesmo Conselho de Ministros: urge encontrar uma liderança política inspirada e inspiradora. O percurso de Passos Coelho está completo: não há mais margem de manobra. Em segundo lugar, conviria que Paulo Portas procurasse o significado da palavra irrevogável no dicionário e, por uma vez na vida, tomasse uma decisão a pensar em Portugal e não nos seus interesses político-partidários momentâneos. Em terceiro lugar, Cavaco Silva poderia tentar explicar a Passos Coelho que sem crescimento económico nunca sairemos da cepa torta – e que o Estado Social não é nenhum empecilho ao crescimento económico. O que aniquila Portugal é o “Estado Amigalista” – aquele que dá guarida aos boys e girls dos partidos… Neste cenário, acreditemos que a semente para uma mudança política e de mentalidades está lançada – e dará frutos.

 

João Lemos Esteves é finalista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, militante da Juventude Social-Democrata e crónista do Expresso.

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João Lemos Esteves

CRÓNICA

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